domingo, 31 de janeiro de 2010

Caminho preto

Só vejo preto. Preto, preto e mais preto.
Caminhos contínuos, entrelaçados em voltas infinitas, sem destino concreto, definitido ou sequer possível. Uma enorme mancha escura, que se estande na imensidão, onde represento apenas um ponto, agora quem sabe invisível. Barreiras, frio e ódio ligados como ímanes potentes e inseparáveis. Uma força derrubadora de qualquer elo de ligação, a tentar formar-se. Sinto o nada.
Repito só vejo preto.

cati
(desculpem fiquei muito tempo sem escrever nada no blog).

sábado, 30 de janeiro de 2010

Peço desculpa por ultimamente não ter espreitado as vossas lindíssimas micro-narrativas. Vou tentar melhorar... :)
Espero que gostem desta micro-narrativa.

Soraia


Basta Acreditar
Uma criança sentada ao lado do Sol e da Lua, estende os braços
e cumprimenta-os.
Ela tem poder, basta acreditar.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Portão aberto

Sempre procurei ter-te por perto, portão aberto à passagem do destino. Não é de hoje esta vontade, este juízo absoluto. Sou assim desde menino.

Carlos Lopes

domingo, 24 de janeiro de 2010

Lentamente, desenrolou o papel.
Começava em branco, depois nasciam as primeiras letras, cresciam as palavras e trancavam-se as frases. O ritmo aumentava e o papel era cada vez maior , mais livre, mais aliciante... Aquele chão presenciava o desenrolar de uma nova História.

João Menino

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Saudade

Foste de viagem e deixaste-me para trás. Quando voltaste já cá não estava. Morri de saudades.

Sombras


Os gatos andavam pela casa como espíritos sem regras nem maneiras. Eram muitos, mas pareciam ainda mais, quando miavam em coro e se enroscavam nas pernas em jeito de conversa, como que a dizerem Olá, estou aqui! Mas a casa estava vazia, apenas habitada por gatos e pessoas que não pareciam pessoas nem gatos, antes sombras de um qualquer sonho que ninguém deseja ter. Uma casa onde as sombras eram gente sem vontade de viver.

Carlos Lopes

Síndrome do Infeliz e Desafortunado Mosquito Transmissor de Doenças

Pobre do homem, estava sempre onde não devia, tropeçava na rua, espirrou para cima do patrão, ajudou um ladrão, matou seu peixe e pisou seu cão, partiu candeeiro de seu irmão.
Família e amigos não sabe onde estão.

Pedro Cal

(não acho que esteja bom, mas diverti-me à brava a fazer este texto)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Novas Tecnologias

- Vou acabar o mundo!
- Não te vou permitir! Há tempos que te chamo, mas tu nunca me ouves!

Então a mãe puxa a orelha ao filho, e leva-o para jantar.



Bernardo Viana Maya Vicente

domingo, 17 de janeiro de 2010

Pára.

Falou sem parar. Em pânico, viu as palavras esgotar e o vazio a instalar-se. Com a adrenalina a correr pelas veias e o coração em sobressalto acabou por fechar os olhos... e respirar fundo. Então esqueceu-se do que tinha medo e sentou-se, tranquilo.

Marta Garrett :)

sábado, 16 de janeiro de 2010

(sem título)

Tiago Correia
_

As inscrições na pedra eram nítidas:
"Aqui jaz a Humanidade, desnorteada e abatida face à sua própria salvação."

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

necessidade

Conseguia saborear o seu aroma e calor. Apenas precisava daquilo... Um pouco de nada, um tudo de muito, um simples gesto - aquele gesto. E assim ficou, durante o que se puderá chamar eternidade.


cati

Inalcançável

Estava quase lá, mais perto do que alguma vez iria estar, mas alguém o roubou antes que chegasse.
Tentaria alcançá-lo, mas os esforços seriam em vão.
Perdi um coração.

Mariana

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Glória Passada


Descansa sereno no museu. Olho para ele e consigo sentir a emoção e a glória de tempos passados. O rugido furioso do motor envenenado pelo turbo, as pedras a bater no chassis, a multidão eufórica com a velocidade estonteante, mas agora isso é passado. Agora...Agora descansa sereno no museu.
Manuel Santos

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Love Letter

Esboçou um sorriso nervoso no instante de fechar o envelope. Beijou o papel imaginando o rosto apetecido, e nessa breve visão de luz provou o sal das lágrimas que choraria por ele. As palavras que acabara de escrever já não lhe pertenciam. Nem as palavras, nem o coração que nelas ia.


* esta micronarrativa foi feita a ouvir Love Letter,
do meu adorado Nick Cave.

Carlos Lopes

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Chamei o Verão e obriguei-o a sentar-se. "Agora não sais daí!" Mas todos os outros continuaram de cachecol, luvas e guarda-chuva.
Marta Garrett

sábado, 9 de janeiro de 2010

Somos Ácido Açucarado

- Meu doce...
- Chama-me antes limonada.

Maria M. Ramos

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Veia minha, sangue teu

Rocei a sua preocupação ao perceber a sua pele. Tentei sofrer o que ela sentia apesar de não saber como verter um coração a parar.

Pedro r Cal

domingo, 3 de janeiro de 2010

A janela

Gostava de ficar assim, olhando para o seu mundo, reduzido há muito à velha janela da sua sala centenária situada num bairro decrépito e esquecido. Ali, o tempo corria devagarinho, como dantes, quando ele ainda era um jovem a que o tempo não tinha vencido.
Remexeu no bolso, extraindo um fósforo solitário que usou para acender o velho cachimbo, repetindo assim esse gesto familiar, refeito vezes sem conta durante oitenta e sete anos. Inspirou fundo, sentindo o fumo encher-lhe a garganta. E assim ficou durante muito tempo até que alguém o encontrasse, o cachimbo há muito que se extinguira.
Joana Vicente

Caía neve!

Caía neve e vestia toda a aldeia com um enorme manto de seda branca, e ela da janela do seu quarto, buscava lembranças e esquecimentos em múltiplas dimensões da sua infância. Caía neve ...

Pedro Dias

Ao jantar

Pouca-terra, pouca-terra, uh, uh! E o comboio saltou da mão do rapaz para cima da comida.

Margarida Coutinho

As núvens

Sento-me. Não posso deixar de me maravilhar com a quantidade de formas e feitios que elas apresentam. Consigo observar a forma que quiser. Olha, ali está uma história!

Margarida Coutinho

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Isto não é uma micro-narrativa! (parte V)


Assim, à antiga!
Um desejo dactilografado!

Carlos Lopes