terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Love Letter

Esboçou um sorriso nervoso no instante de fechar o envelope. Beijou o papel imaginando o rosto apetecido, e nessa breve visão de luz provou o sal das lágrimas que choraria por ele. As palavras que acabara de escrever já não lhe pertenciam. Nem as palavras, nem o coração que nelas ia.


* esta micronarrativa foi feita a ouvir Love Letter,
do meu adorado Nick Cave.

Carlos Lopes

4 comentários:

  1. Belíssimo.


    ao Carlos

    O tempo não precisa de ser tempo e
    o silêncio não precisa de ser música;
    mas a tua letra feriu, doeu,
    marcou uma parte da alma
    partida.

    Por isso fui mais longe,
    algures entre o rapaz que se esconde na mochila
    a rapariga perdida pelas pedras da calçada
    ou o floco que sempre esperei ver cair.

    Era um suspiro apertado que se soltava,
    um pulo nos cachecóis
    e acabavam-se as linhas apertadas,
    - o bico do lápis voava pela sala.

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  2. Lindo stor!!
    E a música também

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  3. sempre bonito...mas longe
    há por aí um envelope que voa cheio de palavras por dizer...

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  4. Aos anónimos,

    Tenho pena que não se identifiquem:

    a) até porque o texto do primeiro comentário anónimo está bem melhor do que a minha narrativa!

    b) julgo que não errarei se disser que o 2º anónimo é de uma ex-aluna minha, mas ficará sempre a dúvida...

    c) as palavras do 3º anónimo são poéticas qb para que a minha curiosidade se manifeste.

    d) tudo isto para vos pedir que se identifiquem. Pode ser?

    Carlos Lopes

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