terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Love Letter

Esboçou um sorriso nervoso no instante de fechar o envelope. Beijou o papel imaginando o rosto apetecido, e nessa breve visão de luz provou o sal das lágrimas que choraria por ele. As palavras que acabara de escrever já não lhe pertenciam. Nem as palavras, nem o coração que nelas ia.


* esta micronarrativa foi feita a ouvir Love Letter,
do meu adorado Nick Cave.

Carlos Lopes

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Chamei o Verão e obriguei-o a sentar-se. "Agora não sais daí!" Mas todos os outros continuaram de cachecol, luvas e guarda-chuva.
Marta Garrett

sábado, 9 de janeiro de 2010

Somos Ácido Açucarado

- Meu doce...
- Chama-me antes limonada.

Maria M. Ramos

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Veia minha, sangue teu

Rocei a sua preocupação ao perceber a sua pele. Tentei sofrer o que ela sentia apesar de não saber como verter um coração a parar.

Pedro r Cal

domingo, 3 de janeiro de 2010

A janela

Gostava de ficar assim, olhando para o seu mundo, reduzido há muito à velha janela da sua sala centenária situada num bairro decrépito e esquecido. Ali, o tempo corria devagarinho, como dantes, quando ele ainda era um jovem a que o tempo não tinha vencido.
Remexeu no bolso, extraindo um fósforo solitário que usou para acender o velho cachimbo, repetindo assim esse gesto familiar, refeito vezes sem conta durante oitenta e sete anos. Inspirou fundo, sentindo o fumo encher-lhe a garganta. E assim ficou durante muito tempo até que alguém o encontrasse, o cachimbo há muito que se extinguira.
Joana Vicente

Caía neve!

Caía neve e vestia toda a aldeia com um enorme manto de seda branca, e ela da janela do seu quarto, buscava lembranças e esquecimentos em múltiplas dimensões da sua infância. Caía neve ...

Pedro Dias

Ao jantar

Pouca-terra, pouca-terra, uh, uh! E o comboio saltou da mão do rapaz para cima da comida.

Margarida Coutinho

As núvens

Sento-me. Não posso deixar de me maravilhar com a quantidade de formas e feitios que elas apresentam. Consigo observar a forma que quiser. Olha, ali está uma história!

Margarida Coutinho

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Isto não é uma micro-narrativa! (parte V)


Assim, à antiga!
Um desejo dactilografado!

Carlos Lopes

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Ano novo, vida nova!

Ouviu o primeiro estrondo e aproximou-se da janela do seu vigésimo andar. A noite escura era o cenário ideal! Mais um foguete subia em fúria para se desintegrar em luz e festa. Era o novo ano que chegava! Sabia que a vida era feita de contrastes, e por isso imaginou a sua queda, vertiginosamente bela, até se estatelar no chão. Festa é festa, e há ideias que não se têm em vão...

Carlos Lopes

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pensava-te morta mas vi-te levantar, com o Sol nos olhos e a iluminar o mundo.

Manuel Santos

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Preocupações

Regressado de Madrid, estou pronto para regressar à escrita. Vamos dar ao blog o esplendor de antigamente, "bora"? (:
Tiago Correia.

Preocupações

Para abrir os olhos ao acordar teve que fechar o coração ao adormecer.

Esse local

Posto isto, embarquei rumo ao local para onde vão as almas sem perdão. Mas quando condenado a esse fogo, tiveste compaixão e levaste-me contigo para esse lugar onde não chove.
Não há alma sem perdão.

Pedro r Cal
Por favor será possível alguém fornecer um pré-aviso do futuro? Tudo o que peço é que me dêem uma árvore. Só isto. Das raízes trato eu.


cati

sábado, 26 de dezembro de 2009

No meio da minha caminhada, deparei-me com duas cascatas. Analisei as duas. No fim de uma delas, observei consecutivos rápidos, separados por curta distância uns dos outros. No fim de outra, fintei um rio, semelhante a um lago, comprido e parado.
A fonte deste viver nem sempre termina em águas calmas.

Maria M. Ramos

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

Neste "mundo ao contrário", o Natal não escapa à avalanche do consumo e blá, blá, blá... Por isso, há que inventar histórias para melhorá-lo. Histórias com palavras por dizer.

Um Feliz Natal para o 10ºC!

* (não tenho tido muito tempo para comentar as vossas narrativas, mas prometo voltar à carga brevemente.)

Carlos Lopes

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Estrelas

Adormeceu enquanto estava deitado a olhar as estrelas, na noite escura da floresta, encostado ao pelo quente do cão que dormitava junto dele. Para ele foi o melhor natal.

Manuel Santos

O Bom do Mau

São aquelas dores que nos tornam insensíveis, que mais tarde recompensam o esforço e trazem alegrias.
Mijó


Esta narrativa foi uma pequena alusão a esta semana que passou..espero que gostem!

domingo, 20 de dezembro de 2009

-Nem te atrevas a pisar o risco!
-Tarde de mais, mãe, já pisei… – esboçando aquele sorriso que só ele conseguia fazer.

João Menino

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Quem és tu?

Um dia sonhei e procurei os teus cabelos ondulados como o mar, os teus olhos cor de céu, o sorriso como raios de sol, a tez como a areia dourada e o teu corpo a toalha onde me deito e descanso.
Quem és tu?
Desce se queres subir
Sofre se queres gozar
Chora se queres rir
Perde se queres ganhar

Pedro Dias

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sabes?

Sabes voar? Não? Eu ensino-te a ganhar asas. Sabes viver sem respirar? Se não, eu ensino-te a aguentar. Sabes o que é amar? sei que não, mas vou tentar ensinar-te amares-me.

Catarina Garcias

PS: já não punha aqui texto há algum tempo. não sei se está alguma coisa de jeito...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

- Um nada, um todo, uma capa. Uma entranha codificada que ao pouco tenta aflorar, onde um vazio profundo é esmagado por superficialidades. Uma vontade e chama há muito perdidas, que talvez resultem num pedaço de algo impróprio, confuso e distante. Um ser desprovido de cor. Digamos que é assim que me sinto…

Com isto suspira, despedindo-se do último reflexo que observara de si próprio.


cati

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Uma última canção

Canta-me mais uma canção! Quero que o silêncio depois da despedida seja ainda um sopro da tua voz. Depois podes partir, se assim quiseres. Mas canta, canta-me um poema onde as palavras se despeçam da vida em tons de alegria. Para que o nosso fim tenha para sempre o som de uma canção que faça amanhecer o dia.

Carlos Lopes

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Porquê viver no limite se podemos saltar dele?
Pedro Dias

domingo, 6 de dezembro de 2009

Aqui estão mais duas micro narrativa, se bem que a primeira já tenha sido escrita há bastante tempo (quando eu andava no 7º, para ser mais precisa) e tenha sido escrita originalmente em inglês.

As lágrimas

Lágrimas são vagas da emoção, uma mensagem para o exterior. Elas esvaziam a alma da dor, do luto e de um emaranhado de outras emoções.
Lágrimas são o sangue da alma de uma ferida aberta no teu coração. Lágrimas são um bálsamo, mas as vezes a dor está tão profundamente embutida no teu coração que já não choras mais.
Lentamente, passas para um estado de completa indiferença e o teu coração gela cheio de feridas profundas, cicatrizes e golpes e deixas de amar…


Vontade de viver

Antigamente o tempo corria, os segundos passavam num instante e eu corria atrás deles tentando em vão acompanhá-los. Agora, já não sou eu que corro atrás do tempo, muito pelo contrário, é ele que se atrasa, obrigando-me a esperar impacientemente que ele volte a alcançar-me antes de partir outra vez, tanta é minha vontade de viver.

joana

sábado, 5 de dezembro de 2009

Sem sentido

- Tenho sono! - (boceja).
- Dorme.
- Mas... Não quero! - (resmunga).
- Dorme.
- Tenho preguiça! - (espreguiça-se).
- Dorme.
- Mas... - (já nada bate certo).
- Cala-te e dorme!

cati
Ela pergunta:
- Casaco com ou sem capuz?
- Com. Necessito-o em tudo.

cati

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Teste na Escola

Já vai algum tempo desde da ultima vez que deixei alguma coisa no blog. Mas garanto que li todas as micronarrativas que por cá passaram, embora não tenha deixado comentários na maior parte delas. Como os testes estão a acabar, acho que começarão a aparecer micronarrativas no blog mais frequentemente (pelo menos da minha parte :P ).
Já que estivemos todos ocupados com os testes, lembrei-me de fazer algo relacionado com testes e então decidi adaptar o meu texto do primeiro teste de português em formato de micronarrativa. Ficou menos banal e acho que até foi uma experiência que correu bem. O título é apenas simbólico.

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Teste na Escola

Foi um dia de céu azul com nuvens a tentarem pintá-lo. Enquanto olhava para uma simples parede feita de mosaicos quase quadrados preparava-me para aquele começo meio solitário. Era um momento parecido com tantos outros. Afinal aquele pequeno mundo é assim.

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Bom fim-de-semana,
Bernardo Viana Maya Vicente
Era uma vez... o fim.

Maria M. Ramos

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Disseste olá e eu, instintivamente, avaliei. Cabelo penteado pela mãe, gravata às flores, meias brancas, sorriso forçado. Ri-me, talvez um riso um pouco maquiavélico, e virei-te as costas. É tão bom ser eu.

nº 22
Tentativa de micro narrativa


Não se importou.
Caiu
e nunca se levantou.


Mariana
Após uma longa pausa (demasiado longa, alias) volto ao blog com mais uma micro-narrativa, que embora não seja exactamente micro, já é mais pequena que a primeira. Eu bem tentei encurtar só que eu adoro adjectivos, e para já virgulas, o que hei de fazer???
(O titulo ficou em branco porque eu não sei como hei de chamar o texto, quem quiser pode dar sugestões que eu até agradecia)
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Avança brutalmente, derrubando obstáculos, encurtando o espaço que existe entre os dois.
O murmúrio das pessoas atarefadas à sua volta extingue-se, Amália sente o seu corpo paralisar, somente os seus olhos acompanham o trajecto daquele monstro gigante e veloz que se aproxima.
Cerra os olhos e prepara-se para o embate, mas não sente nada de parecido, mas antes o corpo a liberta-se e a escuridão ilumina-se…
Acorda confusa, num quarto todo branco que está cheio de pessoas de batas, também elas brancas.
joana

Amores

Abriu o livro e escreveu:

Há amores que são assim. Sempre existiram e nunca acabarão. Nós é que não. Há amores que não deviam ser tão amores como são. Nós também não.

Depois sorriu.

Carlos Lopes

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Isto não é uma micro-narrativa! (parte IV)

Música nova. Desta vez é a minha adorada Joan As Police Woman!

Carlos Lopes

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Direi que... Estou apaixonada pelas riscas das meias que leva ao pescoço.



Acho que isto não é uma micro-narrativa, mas estava a pensar e simplesmente me apeteceu escrever...
cati
Sentado num rocha deixa a sua alma navegar pelo incerto, enchendo a brisa do mar com os infortúnios do passado.


cati

Calor de Inverno

O Inverno começava quando ela se vestia assim: um casaco pesado e quente, um chapéu da cor de um sangue que parecia ser o seu, iluminado, perturbante. Como ela, aliás. Há mulheres que não sabem ser de outra maneira, de outro jeito. Mulheres que sobram para além de tudo o que é perfeito. E quando esse Inverno começava, começava o Verão no meu peito.

Carlos Lopes

Talvez

Chamar-te-ei pelo nome quando me amares com o coração

Pedro Cal

Voar

Ele queria tanto voar que se atirou do telhado de um prédio...Foi direito para o céu.

Manuel Santos

Liberdade

Enfio o tédio num bolso, no outro o controlo sobre mim própria. Abuso da instabilidade eufórica nos momentos em que vale a pena ser infantil, para relembrar e reviver o feliz que fui. Que sou.

Marta Fatela

Liberdade

Quero libertar-me da minha infantilidade, da minha imaturidade, da minha irresponsabilidade, da minha instabilidade. Depois como me liberto do tédio?

Marta Fatela

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O homem e os seus demónios

Conta-se que foi tudo muito rápido. Que se foi deitar e que levou consigo, junto ao corpo, uma faca de fio muito cortante, que ele mesmo passara o dia a afiar. Nada mais se viu nem ouviu até ser manhã. Ao raiar do sol, o quarto era um manto de sangue e desalento. E há quem garanta que num canto do quarto, pequenos demónios dançavam em festa, em jeito de libertação.

Carlos Lopes

Lembranças Felizes

... pois era, lembras-te quando me lias aquelas histórias? e as nossas brincadeiras?
Estava ele sentado na relva primaveril, ainda molhada quando exclamou isto para o bloco de pedra que por três anos se mantinha inerte.
Mijó

Toque

Tiago Correia.

Toque
Sensações. Vivências. Sentimentos. É estranho que tudo tenha terminado com um simples olhar.
Caminhei envolta num manto escuro, desprovida de luz.
Foi então que descobri que é no negrume da noite que cintilam as estrelas mais brilhantes.

Maria M. Ramos

sábado, 28 de novembro de 2009

Um gesto

A tensão era demasiado sedutora, a curvatura secretamente apetecível, o desejo fortemente revelado. Certezas. Estava perdida num pensamento transparente, onde apenas sentia o calor dos seus lábios contra os meus.

cati

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Amor, não. Alegrias, não. Rosas e afins meramente românticos, não. Tu sim.

Rita A.
Só depois de aprender a andar é que descobriu os pés.

João Menino
Chocaram. Trocaram impressões. Juntaram-se. Ele largou a mãe, ela largou o marido.

Gi

Esta micro narrativa tem um teor mais humorístico :P